Sempre quando chega a chamada Semana Santa só consigo lembrar da minha época de adolescente em Arcos,
cidade do interior de Minas e de forte tradição
católica – em que eu e meus outros amigos, todos “muito” religiosos –
seguíamos a procissão. Naquela época, estávamos entre os 14 e 16 anos, ainda
moleques devedores de obediência aos nossos pais e pouco aprovados para um assumirmos
um “namoro”.
Logo, as procissões da Semana Santa, e qualquer outra festa
religiosa, eram motivo para sairmos de casa à noite com o “divino” dever de
rezarmos. Mas, na verdade, nosso intuito era muito menos santo! No meio do povo
que balbuciava pais-nossos e ave-marias, queríamos saber era onde estava nossa
paquera, que muito provavelmente estaria segurando uma vela, cujo único
objetivo era tentar queimar o cabelo das mulheres que rezavam à frente.
E enquanto a multidão balbuciava as orações em respeito ao
cortejo, que seguia pela extensa rua Augusto Lara, terminávamos o nosso roteiro
na Praça da Matriz, onde muitos de nós, escondidos pelas sombras noturnas das
árvores, fazíamos nossos inocentes encontros
fortuitos. Ali, cometíamos o maior
de todos os “pecados”, mentir para os nossos pais!
E depois de muitos beijos e risadinhas bobas, voltávamos para
casa antes da meia-noite, tendo feito pouquíssimas orações, mas todos com caras
de santos do pau oco!
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